Argentina negocia grande encomenda de blindados Guarani brasileiros

Argentina negocia grande encomenda de blindados Guarani brasileiros

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SANTIAGO, Chile — A Argentina declarou oficialmente sua intenção de comprar 156 blindados Guarani produzidos em Brazil, tendo assinado uma carta de intenções em 23 de dezembro.

O acordo público, firmado em Buenos Aires entre o ministro da Defesa da Argentina, Jorge Taiana, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, ocorreu durante visita oficial à capital argentina do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. O recém-eleito presidente participava de uma cúpula de chefes de Estado sul-americanos.

O acordo dá início às negociações diretas, que devem levar à assinatura de um contrato no primeiro semestre de 2023.

Outros acordos também foram assinados durante a estada de Silva na capital, entre eles um em que o governo brasileiro dará garantias financeiras e créditos para a exportação de produtos de fabricação brasileira para a Argentina, inclusive equipamentos militares. Isso é visto como fundamental para o potencial de venda dos veículos Guarani; uma das principais dificuldades da Argentina ao tentar importar material militar é sua capacidade de obter crédito financeiro.

Os veículos com tração nas seis rodas cumprirão um requisito antigo para equipar o componente de combate de uma brigada de infantaria mecanizada, que inclui elementos destinados a um eventual desdobramento no exterior com a força binacional Southern Cross. Localmente conhecida como Fuerza Cruz del Sur, esta formação militar argentino-chilena foi criada em 2005 e está disponível para missões de manutenção da paz sob o mandato das Nações Unidas.

O Guarani é baseado em projeto da italiana Iveco Defense Vehicles e foi modificado para atender às exigências do Exército Brasileiro. O veículo blindado pesa cerca de 17 toneladas. Em sua versão básica de transporte de tropas, ele pode transportar uma tripulação de três mais oito soldados.

A carta de intenções fornece detalhes sobre a compra planejada da Argentina:

  • 120 viaturas de transporte de tropas (variante Guarani VCBR-TP), armadas com a torre 12.7mm SARC REMAX 4.
  • 27 viaturas de combate de infantaria (variante Guarani VCBR-CI), armadas com a torre 30mm SARC UT30BR2.
  • Nove viaturas de posto de comando (variante Guarani VCBR-PC).

Ambas as torres são controladas remotamente e foram desenvolvidas e produzidas no Brasil pela empresa de segurança e defesa ARES, subsidiária da empresa israelense Elbit Systems.

A Iveco do Brasil produz os veículos Guarani em Sete Lagoas, no estado de Minas Geraes, no sudeste do Brasil. A fábrica foi inaugurada em 2013 e desde então já entregou mais de 600 Guarani, a maioria para o Exército do Brasil, mas também para Filipinas, Líbano e Gana.

O local de Sete Lagoas poderia montar os veículos para a Argentina, mas também é possível que a Argentina abra sua própria linha de montagem “para agilizar a produção e entrega dos veículos”, de acordo com Humberto Marchioni, que dirige a Iveco Defence Vehicles para a região latino-americana.

Entrevistado pela mídia local na Argentina, Marchioni disse que as instalações da Iveco em Córdoba, no centro da Argentina, “podem acomodar uma linha de montagem da Guarani”. Também é lá que a empresa fabrica o motor diesel Cursor 10ENT-C, usado no Guarani, e também o chassi do blindado.

Não está claro quanto custará o pedido potencial de 156 veículos. Mas Emilio Meneses, analista independente baseado em Santiago, estima o valor em nada menos que US$ 180 milhões.

José Higuera é o correspondente latino-americano do Defense News.

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