A agricultura regenerativa deve seguir o caminho do orgânico?

A agricultura regenerativa tem sido o tema da moda na agricultura há alguns anos, com grandes investimentos de grandes empresas de alimentos a partir de 2020. Grandes empresas de alimentos criaram programas para engajar seus fornecedores e financiar uma transição a práticas regenerativas, como plantio direto, cultivo de cobertura, rotação de culturas e gado e habitats amigáveis ​​aos polinizadores. Certificações de marca própria, como O Instituto Savory, Instituto Rodale e Um Mundo Mais Verde, surgiram nos últimos três anos, adicionando um verniz de respeitabilidade a tais mudanças. Mas ainda é o oeste selvagem, e esses desenvolvimentos não resultaram em um padrão compartilhado ou mesmo em uma definição com a qual todos concordem.

"Regenerative is a disputed term," said Matthias Berninger, Bayer’s senior vice president of public affairs, science and sustainability. 

Não há um consenso sobre o que é considerado regenerativo, como aplicar corretamente essas mudanças e como medir os efeitos. Para alguns, como Matthew Dillon, um consultor de sustentabilidade com 10 anos na Clif Bar, sem essas barreiras de fiscalização e verificação confiável, regenerativo nada mais é do que uma atividade de marketing sem as alegações factuais para respaldar esse marketing. 

Mas o regenerativo tem uma irmã tipo A mais velha e mais estabelecida que pode ser um caminho para a legitimidade: orgânico. Na década de 1980, orgânico era a nova palavra da moda para agricultores, merceeiros e consumidores. O que começou como um movimento liderado pela agricultura para reduzir a quantidade de insumos químicos usados ​​nas plantações tornou-se uma fonte de lucro para agricultores, supermercados e empresas de bens de consumo embalados, além de supostamente ser melhor para o planeta, mas mesmo isso é disputado. Mas outros estudos mostraram que a agricultura orgânica emite 18 por cento menos gases de efeito estufa do que o tradicional e aumenta a biodiversidade geral 30% e diversidade de polinizadores em até 50 por cento.  

Agricultores, empresas e estados dos EUA estavam entrando rapidamente e às vezes sem pensar, então o governo interveio para criar um padrão orgânico federal. 

"One of the main reasons why organic has such a highly regulated labeling and certification scheme is that the organic label serves to justify a premium or higher price on the product," said Berninger. 

Em 1990, o Congresso aprovou o Lei de Produção de Alimentos Orgânicos. Ele deu ao governo federal o poder de pegar uma colcha de retalhos de padrões orgânicos estaduais e criar um programa orgânico nacional com um padrão unificado. E, de acordo com os cronogramas tradicionalmente lentos do governo, mais de 10 anos depois, em 2002, orgânico tinha uma estrutura legal e estava crescendo à medida que as empresas viam um mercado lucrativo onde podiam diferenciar seus produtos como saudáveis, melhores para o planeta e mais saborosos.  

Essa estrutura legal ainda é uma parte importante do USDA. Em janeiro, a agência publicado um fortalecimento da fiscalização orgânica das condições de vida do gado e aves. 

De acordo com Dillon, essa abordagem de patchwork estado a estado para orgânicos que dominou a década de 1980 está sendo replicada agora no espaço regenerativo, mas em vez de padrões estaduais, é específica da empresa ou certificação privada específica. Os agricultores estão sendo solicitados por cada um de seus clientes a realizar dezenas de práticas diferentes, rastreá-las e medi-las com diferentes métodos de verificação. 

Uma estrutura legal federal para regenerativos como a criada para orgânicos poderia acabar com a frustração e a confusão dos agricultores. 

"You can’t understate the importance of a legal framework to provide assurance and comfort," said Wood Turner, senior vice president for impact at Capital Agrícola and a member of the National Organic Standards Board. "You see lots of certifications out there that are attempts. Do they provide some third-party assurance? Sure. Do they have the law behind them? No. And I think that's the heart of the matter."

Dillon foi tão longe ao dizer que não acha que haja uma única certificação regenerativa por aí que valha a pena discutir, exceto a do instituto Rodale, uma certificação orgânica e regenerativa. 

"We wanted to address some other glaring issues that were not being addressed in the National Organic Standard," said Elizabeth Whitlow, executive director of the Aliança Orgânica Regenerativa, a certification founded by Patagonia, Dr. Bronner's and the Rodale Institute.

Por exemplo, de acordo com Whitlow, as empresas e, para ser honesto, o planeta, não estão dispostos a esperar os 20 anos que levou para o orgânico passar por nosso sistema burocrático de governo para se tornar algo com o poder do sistema jurídico nacional por trás dele, de acordo com Whitlow. Além disso, o padrão orgânico nacional carece de capacidade para abordar questões trabalhistas e de equidade social, outro pilar incluído no padrão Regenerative Organic Alliance, acrescentou ela. E há outros lados obscuros do orgânico: no caminho para se tornar um padrão legal, o orgânico evoluiu de uma visão holística das práticas agrícolas para uma mentalidade reducionista focada em insumos químicos, disse Whitlow. 

"I think what we've seen is an unfortunate development of creating any standards or certification, where it became a necessary evil to demarcate who were the ones that were dumping industrial chemicals [and who wasn’t]," said Rebecca Gildiner, Daily Harvest’s director of sustainability, about the evolution of the USDA Organic standard. "And when you do that, it gets reductionist. In order to establish something that can verify that good practices are being used, it's just become more and more focused on inputs."

Depois que o orgânico se tornou um padrão legalmente aceito para agricultores e mercearias, veio a acusação. Segundo Berninger, para justificar os preços mais altos, a indústria orgânica começou a anunciar que era melhor que a agricultura tradicional. 

"As a traditional farmer, it felt like you had to justify why you are not going down the organic route," Berninger said. 

E, de certa forma, ainda parece que os admiradores mais fervorosos do orgânico, como Turner, ainda pensam que é o ideal para toda a agricultura, com o regenerativo como um passo intermediário em direção ao objetivo final. 

"Organic is fundamentally regenerative and regenerative can be a pathway to organic," Turner said. "I do think [organic] is a gold standard, what I believe regenerative can and should be."

Gildiner echoed that sentiment. "We believe an ideal future of regenerative is organic," she said. 

A transição para o orgânico é notavelmente extremamente difícil para os agricultores, que enfrentam rendimentos mais baixos, mudanças caras e vários anos de dificuldades antes de começarem a ver e possivelmente colher os resultados. Esses evangelistas orgânicos esperam que o regenerativo, como um padrão menos intensivo, possa ser uma prática de transição para ajudar a aliviar esses obstáculos. 

Whitlow and the Regenerative Organic Alliance have flipped that pattern, requiring organic as the base and adding regenerative on top as a bonus. "There's a lot of new regenerative certifications that don't require organic, so therefore, they are tacitly allowing the use of pesticides and synthetic fertilizers," she said. "Nothing will destroy the soil microbiome faster than those."

Outros argumentam que o orgânico não pode ser o objetivo final devido às suas limitações em um futuro cada vez mais limitado por recursos. Por exemplo, a agricultura orgânica não pode alimentar a crescente população mundial sem aumentar o uso da terra em 16% a 33%, diminuir o desperdício de alimentos em 50% e alterar drasticamente o consumo de proteínas nas dietas, de acordo com um estudo Estudo da natureza de 2017. 

A agricultura regenerativa não deve cometer o mesmo erro que a orgânica cometeu e que é separar-se do mainstream.

Em vez disso, os proponentes regenerativos querem um futuro alternativo para essas práticas que se desviam do caminho histórico que o movimento orgânico tomou.

"Regenerative agriculture should not make the same mistake that organic did and that is to separate themselves from the mainstream," Berninger said. "I think regenerative practices should be used at scale, instead of siloed off."

Os entusiastas orgânicos estão certos de que o regenerativo, pelo menos agora, é menos restritivo do que o orgânico sem um padrão legal do governo, mas Berninger vê isso como uma oportunidade em vez de uma falha. 

"I think regenerative has all the benefits of enlightenment at the fingertip," he said. "Organic is trapped [in] the romantic view on agriculture."

Em outras palavras, o padrão orgânico do USDA é altamente regulamentado quando se trata de quais sementes os agricultores podem usar, disse Berninger, que deseja que o regenerativo aproveite o progresso científico obtido nas culturas usando organismos geneticamente modificados e edição de genes. Culturas como milho, trigo e soja foram projetadas para resiliência a secas, pragas e ervas daninhas. Eles também são melhores no uso de nitrogênio no solo e ajudam os agricultores a adotar práticas regenerativas, incluindo a redução do uso de água, pesticidas e fertilizantes, ao mesmo tempo em que adotam o plantio direto.

"These are all innovations that if organic farming remains opposed to using gene editing will not be accessible," Berninger added. "And that’s limiting for organic farming, but will allow regenerative agriculture to increase yields." 

Mas, de acordo com Gildiner, muitos desses OGMs foram criados em conjunto com produtos químicos das grandes empresas químicas. Ela vê uma diferença entre um tomate ligeiramente evoluído, seja por reprodução ou transgênico, e o milho e a soja geneticamente modificados que cobrem milhões de acres em todo o país sendo usados ​​para biocombustíveis e arruinando solos. 

Uma das maiores diferenças entre orgânicos e regenerativos está nas alegações de sequestro de carbono. Em vez de aumentar os preços para consumidores como orgânicos, a regenerativa está olhando para o mercado de carbono para obter lucros. Os padrões orgânicos têm se concentrado fortemente em práticas, mas se o movimento regenerativo deseja resultados de carbono e biodiversidade, isso pode se complicar rapidamente.  

"There’s been a lot of discussion of regenerative being a measurable, almost product-based standard where we want to see measurable improvements in carbon sequestration so that a farmer can then sell those credits through a carbon market," Dillon said. "And if it's going to be that kind of testing based [standard], it’s going to be way more challenging."

Os subsídios são uma forma de o governo iniciar o complicado processo de encorajar uma transição agrícola sem cometer as mesmas armadilhas e frustrações do caminho orgânico.

You can't treat all farms the same, he explained. No-tillage can work in some places yet not in others. For example, soybeans grow easily in the upper plains without tillage. It's difficult to do no-till tomatoes in California, or to forego herbicides in the Pacific Northwest, where weeds grow year-round.  

"And so there will be a challenge for regenerative," Dillon said. "Are they going to have to create crop-specific standards?" 

Padrões governamentais restritivos podem não ser a abordagem ideal. Em vez disso, o governo poderia se concentrar em subsídios e recompensar financeiramente os agricultores por adotarem práticas orgânicas ou regenerativas. Neste momento, o governo dá bilhões de dólares para fazendas tradicionais que produzem milho e soja sem qualquer consideração pelos solos, de acordo com Gildiner. Tanto os orgânicos quanto os regenerativos precisam de mais apoio financeiro do governo.

"There are those farmers who were once conventional, but now they are regenerative and they're like, 'Hey, government shifted subsidies. Instead of giving my neighbor money to destroy the soil, give me an incentive to do crop rotation,'" Dillon said. 

Isso está começando a acontecer com os investimentos do USDA e do IRA, mas o governo também precisa se afastar de seus subsídios tradicionais. Os subsídios são uma forma de o governo iniciar o complicado processo de encorajar uma transição agrícola sem cometer as mesmas armadilhas e frustrações do caminho orgânico. 

"It's really hard to capture the dynamic principles of the living system, which is what regenerative agriculture is trying to do," Gildiner said. "And even within the regenerative movement, you're seeing a lot of debate over practices versus outcomes and principles. How do we build a standard? How do we measure this?" 

Segundo ela, o movimento orgânico começou com esses princípios regenerativos, mas o sistema mais reducionista que foi implantado pelo padrão do governo inibiu uma perspectiva mais holística. O movimento regenerativo poderia empurrar o orgânico de volta às suas raízes mais verdadeiras.

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• Fonte: https://www.greenbiz.com/article/should-regenerative-agriculture-follow-organics-path